28 agosto 2009

Raul e nós, qual a diferença?

Exatamente há 20 anos, no dia 21 de Agosto de 1989, morria em São Paulo, o famoso compositor brasileiro, Raul Santos Seixas, vítima de uma pancreatite aguda fulminante, devido a seu problema com o alcoolismo, agravada por causa do seu diabetes e por não ter tomado a insulina no dia anterior.

Raul sempre intrigava e desafiava as pessoas com suas declarações, com sua coragem, com suas “verdades”, com verdades que talvez não saberemos nunca se eram verdades. O fato é que Raul inovou, foi autêntico, foi quem queria ser. Ele declarou de si mesmo: “Eu me pertenço e de mim faço o que bem entender." Nisso ele deve ser reconhecido. Isso é o que falta pra muitos de nós, autenticidade. Mesmo porque com tantas “caras & bocas”, opções sem fim a nossa disposição, de ser e fazer, do passado, do presente e até do futuro, não sabemos mais quem somos e o que queremos ser. Uma coisa é certa, é melhor ser uma “metamorfose ambulante” do que ser uma sombra de outro. É melhor mudar e mudar sempre até se encontrar do que não tentar e por falta de criatividade tentar ser igual a outras pessoas. Talvez por isso Raul despertou tanto a admiração das pessoas, não só de sua época, mas de hoje também. Sua autenticidade é rara. E outros que como ele agiram alcançaram notoriedade que transpõe o tempo. Especialmente nesta época de tanta informação e carência de bons exemplos.

Ele foi autêntico, fez o que queria quando queria, e sofreu por vezes as conseqüências que não queria, como as conseqüência do seu alcoolismo que o levou a morte prematura. Teve quatro casamentos, relacionamentos curtos, três filhas. Ele também disse o que queria. Foi dono de frases intrigantes como: “Eu não sou louco, é o mundo que não entende minha lucidez."
O líder de seu fã club oficial, Sylvio Passos, o descreve como o cara que estava “sempre contestando, filosofando, enlouquecendo.” Assim era Raul, despojado de limites, sem lei. Ele era a sua lei. E pregava isso. Em sua música: “Quando acabar o maluco sou eu”, ele dizia, “eu sou o louco, mas sou feliz,... “ “...eu sou dono, dono do meu nariz...”. Também era corajoso. Nesta mesma música ele teve a ousadia de dizer “já pensou o dia em que o Papa se toca, e sair pelado pela Itália a cantar” e completava.. . “quando acabá, o maluco sou eu”, um maluco que muitos querem imitar. Porque? Porque vêem nele uma projeção do que desejam ser mas não têm coragem. Há muitos Raul’s por ai... enrustidos, frustrados. Sem coragem de serem autênticos.
Longe de ser uma apologia a Raul Seixas, o objetivo é nesta oportunidade é fazermos algumas reflexões.

A esta altura você pode estar se perguntando, o que isso tem a ver com o cristianismo? Eu explico. Começo com uma pergunta: Qual a diferença entre Raul, eu ou você? Pense um pouco sobre isso. Em que somos melhores? Em que somos piores? A Bíblia diz, “de tudo retenha o que é bom”. Como muitos, Raul se perdeu em seus pensamentos, assim como Salomão que também quase perdeu a salvação. Em uma espécie de constituição de sua conhecida “sociedade auternativa” ele disse que o homem tem o “Direito de viver sob a sua própria lei”. Direito tem, mas como cristãos sabemos que isso leva o homem a ruína.

Pesquisando sobre as raízes de Raul, um ponto interessante me chamou a atenção. Após seus pais terem se mudado para próximo do consulado americano por volta de 1954, o adolescente que buscava uma identidade, conheceu garotos do consulado que lhe emprestaram discos de Elvis Presley. Este foi seu primeiro contato com o Rock and Roll. Sobre isso ele declarou: “Eu ouvia os discos de Elvis Presley até estragar os sulcos. O rock era uma chave que abria as minhas portas que viviam fechadas”. Percebeu o ponto? Foi ai que o rock ganhou sua vida e seu coração e por traz disso estava o grande incentivador do rock – Satanás. A partir daí este jovem começou a se demorar nisso. Sobre isto as Escrituras alertam: “Não ame o mundo e as coisas que há no mundo, quem ama o mundo não ama a Deus” (I João 2:15). Por conseqüência ele se tornou em um instrumento nas mãos do arquiinimigo das almas.

E eu e você qual foi nosso ponto. Um dia, com certeza nos demoramos nas coisas de Deus e as amamos e isso fez de nós o que somos hoje, ou pelo menos, o que tentamos ser, homens e mulheres de Deus. Deus tenha misericórdia de nós, miseráveis pecadores.
Volto à pergunta, qual a diferença entre nós e Raul? Em essência somos iguais. Criados da mesma forma, com as mesmas características. Mas baseado no que apresentei, foi a oportunidade. Oportunidade essa que foi diferente entre nós e ele e tantos outros como ele. Mas ai me vem um outro questionamento ainda mais profundo... Somos mais privilegiados que ele? A Bíblia responde... “... Deus é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, mas que todos cheguem ao arrependimento” (II Pedro 3:9). Esse é o ponto. Todos têm oportunidades, se não as mesmas, mas todos têm. O que diferencia é a decisão. E isso é um mistério. Aqui deixou uma reflexão: Não desprezemos aqueles que não conhecem ainda a verdade, ou que não atenderam ao chamado de Deus, como se a eles fossemos superiores, porque nada somos. Não fosse a graça de Deus, que seria de nós? Mas louvado seja Deus que um dia nos alcançou e atendemos ao seu chamado.

Por
Lucas Picoli